quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Menção Honrosa para KOLLASUYO

O documentário Kollasuyo – a guerra do gás, do diretor Pedro Dantas, mostra parte da história da Bolívia e relata a insurreição popular que culminou com a eleição de Evo Morales à Presidência da República. O filme recebeu na noite desta terça-feira (13) Menção Honrosa no 10° Festival de Cinema, Vídeo e Dcine de Curitiba.

Kollasuyo é uma co-produção Brasil/Bolívia e foi inscrito no Festival em 2006. A indicação foi referendada pelo Curador da Mostra Oficial do Festival, Esdras Cardoso Rubim. ”O filme aborda uma questão polêmica e delicada sobre a comercialização do gás entre Brasil e Bolívia, por isso foi inserido no Festival”, disse a diretora geral do evento, Cloris Ferreira.

O documentário, de 52 minutos, apresenta a cultura Kolla, que predomina até hoje no vasto território denominado Kollasuyo. Esta área abrange o sul do Peru, passa pela a Bolívia e engloba parte do norte da Argentina e do Chile.

Para produzir o documentário, Pedro Dantas fez duas viagens ao país. ”Esta parte da história da Bolívia é pouco conhecida aqui no Brasil. São valores e traços culturais que permanecem vivos até hoje e estão pautados na liberdade e no direito do povo boliviano sobre as riquezas e recursos naturais que possuem”, afirmou.

De acordo com Dantas, até hoje nestas regiões, são difundidos os hábitos alimentares, vestuário, música, dança, rituais pré-colombianos e rituais religiosos que retratam o sincretismo entre os cultos indígenas e a igreja católica.

Pedro Dantas deu a seguinte entrevista antes de receber a premiação do Festival:
FestCine – Como surgiu a idéia dste documentário?
PD – Minha intenção é divulgar a insurreição popular boliviana, que está mudando a história deste país e que teve início em 2003, com a derrubada dos presidentes – Gonçalo Sanchez de Lozada e Carlos Mesa – e terminou com a antecipação das eleições presidenciais, de 2007 para 2005, com a eleição de Evo Morales.
É importante destacar que durante a minha visita à Bolívia ficou claro que a nacionalização dos recursos naturais não é uma proposta do Evo Morales nem de seu partido, mas sim uma demanda popular.

FestCine – Que fatos históricos aparecem no filme?
PD – No documentário eu mostro a Mina de Potosí, a primeira grande mina de prata e estanho explorada no século 16 pelos espanhóis. Em torno desta mina surgiu a cidade de Potosí, que tinha o mesmo porte urbano das cidades européias da época. Pode-se ter uma idéia da importância que esta região teve na economia do país. Hoje esta é uma das cidades mais pobres da Bolívia.
Naquela época, os bolivianos eram escravizados pelos espanhóis e viviam segregados em “mitas”, espécies de guetos. Surgiram então os líderes populares Tupác Amaru e Tupac Katari, cultuados até hoje pelos bolivianos. As grandes bandeiras destes ícones eram: liberdade, o direito de manter sua identidade e de possuir a terra.

FestCine – Como é relação dos bolivianos com os brasileiros?
PD – Os brasileiros são muito bem recebidos pelos bolivianos. De uma maneira geral os europeus e norte-americanos são considerados por eles como “gringos”, mas nós brasileiros somos considerados povo irmão.

Por indicação do diretor, você pode conferir mais informações sobre estas e outras histórias da América Latina, no site www.ondeestaamericalatina.com/documentários.