Atualmente 34 co-produções estão em andamento envolvendo animadores brasileiros e produtoras canadenses. Estes projetos envolvem recursos canadenses da ordem de US$ 8 milhões. Os resultados se tornaram mais sólidos a partir da assinatura do acordo de cooperação entre Brasil e Canadá em 2006 pesar de existir uma parceira entre os dois países desde 1996.
Após a assinatura do termo de cooperação, quatro co-produções brasileiras conseguiram, em 2006, recursos financeiros totalizando US$ 100 mil. Os trabalhos foram analisados pelo National Filme Board of Canada, instituição governamental que produz filmes e animações experimentais. Estes recursos foram usados na fase de pré-produção e pesquisa dos roteiros.
Logo em seguida, dois animadores brasileiros conseguiram bolsas de estudos para o curso Hot House, no Canadá. Este curso é voltado para formação de jovens animadores e, pela primeira vez, abriu espaço para estrangeiros. A escolha dos finalistas foi feita via CTAV - Centro Técnico de Audiovisual, do Ministério da Cultura.
O curso tem duração de dois meses e o projeto foi coordenado por Torill Kove, que ganhou em 2007 o Oscar de Melhor Curta de Animação, com Poeta Dinamarquês, co-produção com a Noruega.
Outro resultado prático deste acordo foi a promoção de um workshop, aqui no Brasil, com a animadora, Martine Chartrand, que trabalha com técnica de pintura a óleo. As cidades que ofereceram o workshop foram Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo.
Confira a entrevista com a assessora de Diplomacia Pública e Imprensa do Consulado do Canadá, Dina Trascher.
FestCine – Como o consulado tem aproximado os animadores brasileiros das produtoras canadenses?
DT – Dentro do consulado temos uma área comercial, que organiza encontros com esta finalidade para vários segmentos empresariais. Nos últimos dois anos, o consulado organizou, aqui no Brasil, dois encontros entre os animadores e produtoras canadenses que estão voltadas para a produção experimental. No primeiro conseguimos trazer 15 empresas.
A próxima reunião acontecerá na última semana de fevereiro de 2008 para a qual traremos 20 empresários canadenses. Neste encontro teremos a parceria com a ABPI - Associação Brasileira de Produtores Independentes - e com a Associação de Cinema do Brasil. Os interessados devem procurar estas instituições para saber como participar do evento. Outra novidade é que abriremos para outras formas de produção não apenas a animação como documentários, filmes e longas. Todos estes projetos são no formato de co-produção o que implica participação financeira das duas partes.
FestCine – Qual o trabalho, que está sendo co-produzido entre Brasil e Canadá que poderia ser destacado no momento?
DT – Entre as 34 co-produções que estão em andamento com animadores brasileiros damos destaque o longa-metragem “Ensaio sobre a cegueira”, baseado no livro de José Saramago, com direção de Fernando Meireles.
Além deste trabalho também está sendo produzido um seriado de animação na TV Pingüin, em São Paulo, que vai estrear no Brasil em abril de 2008.
FestCine – O que, dentro do segmento animação, mais atrai os profissionais canadenses?DT – Sem dúvida é a criatividade dos brasileiros. O acordo de cooperação também foi muito importante para facilitar o conhecimento mútuo entre os profissionais.